segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

PROFESSOR ENNIO CHIESA

Frequentei o Ginásio Riachuelo, em São Paulo, entre 1955 e 1958, e lá, como aluno, tive o privilégio de conhecer o Professor Ennio Chiesa, de quem logo me senti alvo daquele apoio que busca nos tornar melhores e a quem sempre dediquei grande admiração e respeito. Já constatei com tristeza que o velho casarão que abrigava aquela escola não mais existe. Os edifícios podem ser demolidos em nome do progresso, mas as pessoas que lhes deram vida mantêm-nos intactos em nossas lembranças.   
Não exagero quando afirmo que o Professor Ennio foi o grande mestre da minha existência, detentor de inteligência notável, burilada e bem utilizada a serviço de uma missão bem escolhida e melhor cumprida. Tampouco quando vejo nele, uma criatura superior que veio a este mundo para ministrar o saber com palavras, exemplos e extrema dedicação. Nem quando acuso carência de referências que permitam comparações entre dezenas de outros profissionais do ensino com quem partilhei o ensinar e o aprender, e ele.
Vi-o pela última vez em 1961. Eu já não mais era seu aluno, estava em companhia de minha esposa. Éramos recém casados, havíamos nos conhecido lá, no Riachuelo, e muito em breve comemoraremos nossas bodas de ouro; ela também fora sua aluna e, como eu, continua vendo nele a figura do missionário do ensino. Foi no Parque Antártica, em São Paulo. Ele pleiteava uma vaga no Conselho Administrativo da Sociedade Esportiva Palmeiras e pediu o meu voto. Quem ler creia: essa foi a única vez que eu votei em alguém em toda minha vida.
Cinquenta anos voaram. Ao longo deles, em 1967 mudei-me para Piracicaba onde morei por dez anos. Em 1977, os embates da vida deslocaram-me novamente, desta feita para Ribeirão Preto, onde permaneço até hoje, já aposentado há quinze anos.
Às pessoas comuns, como eu, só depois que envelhecem é dado avaliar, na sua amplitude, a grandeza daqueles que tanto quiseram fazer por elas. O Professor Ênnio já não está materialmente entre nós, mas eu, para sempre o terei no ápice da pirâmide dos que, ao passarem pela minha vida deixaram o perfume do saber. Ainda ouço, com orgulho, suas palavras, um misto de censura e apreciação, que hoje me induzem a comparar o que eu sou com o que eu poderia ser:   
- Arteny, eu gostaria de ser seu pai por seis meses.
Não faltará ocasião, “Seu” Ennio. Ainda tenho muito a aprender com o senhor ao longo da eternidade da vida. Por ora, resta-me a saudade e a visão virtual das escolas, praças e ruas que o homenageiam, pálidos louvores ao grande pedagogo. Mais do que isso, ao homem brilhante, cuja passagem por este mundo ajudou a fazer valer a pena viver-se nele.
                                                                                                                                                                 A educação se aprende em casa.
                                                                                                                                                   A instrução, nas escolas.
                                                                                                                                             A cultura, nos livros.
                                                                                                                                                                   A sabedoria, só a vida nos ensina.


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

POR SORTE ISSO NÃO É CONOSCO!

Uma sociedade que abandona nas ruas, longe da escola e à mercê dos vícios aqueles que lhe deverão dar continuidade. Que sufoca com impostos e priva da saúde e da segurança  aqueles que lhe são o presente. Que não retribui com respeito e dignidade os últimos anos daqueles que lhe foram o passado, não é um País, nem um Estado, nem uma Nação. É apenas um grupelho de gente mantida à margem da Educação, e por isso esbulhada.
Para chegar a essa lastimável condição, uma comunidade precisa ter três quadrilhas sentadas nas cadeiras que os Estados decentes destinam aos que elaboram suas leis, aos encarregados de cumpri-las e àqueles a quem compete fiscalizar essa elaboração e esse cumprimento.
Como deve ter ficado bem claro, referimo-nos a uma coletividade imaginária, que tenha talvez optado pelo anarquismo de Mikhail Bakunin sem tê-lo entendido bem e, de forma incoerente, aceitado a instalação de um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Judiciário.
Stultorum numerus infinitus est

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A MANSÃO DO LAGO SUL

Quem nunca ouviu falar nesse imóvel?  Sabe-se que lá além de falcatruas havia festinhas. Não era a casa só do Bolinha, a Luluzinha também a frequentava, e após os conchavos bem avençados, rolava a festa. Meninos e meninas com seus chapeuzinhos de cone e suas línguas de sogra divertiam-se a valer. Segundo as más línguas, o Dr. Antonio Palloci Filho, então nosso Ministro da Fazenda, era lá presença marcante.
Algumas travessuras um pouco mais ousadas fizeram com que o Ministro da Fazenda Palocci e Jorge Mattoso, então presidente da Caixa Econômica Federal “pedissem demissão de seus cargos” É difícil entender o porquê de dois “pedidos de demissão” feitos por duas pessoas que subiram tanto, e tão honestamente!
‘Ora, os (e as) Presidentes da República têm o seu poder emanado do povo, pelo povo e para o povo. Destarte vemos agora o Dr. Antonio Palocci Filho guindado pela presidente eleita Dilma Roussef (sem a intervenção de ninguém, claro!) ao cargo que ela ocupou durante cerca de dois anos, o mais importante após o do Presidente da República. É também difícil entender essa premiação. Talvez essa dificuldade de entender seja uma inferioridade minha. Mas você colocaria um gato para tomar conta de seus coelhos?
O tempora o mores
                                                                                                                                             (Cícero)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Um blog para trocar idéias

Sou Arteny Komar, nascido na primeira metade de 1938.
Gosto de falar e de ouvir e, à exceção do trivial, tenho muito pouca oportunidade de fazê-los.
Trocar idéias inteligentes sobre assuntos inteligentes é bom, mas privilégio de poucos.
Quero fazer parte deles.
Até a próxima oportunidade.