terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

BRASILIDADES 1

1985
A ELEIÇÃO DE SARNEY
- Então está decidido: o próximo presidente será um civil, mas as eleições serão indiretas, de forma que possamos monitorá-las. (As vozes são dos homens de verde oliva)
E assim foi. Tancredo Neves venceu facilmente Paulo Salim Maluf, no colégio eleitoral e se elegeu Presidente da República, arrastando como vice José Sarney, egresso do movimento golpista de 1964 por causa de um desentendimento com Maluf. Sarney, diga-se de passagem, por si só talvez não conseguisse, à época, eleger-se vereador por São Luiz.
Porém, no dia marcado para a posse, Tancredo Neves foi acometido por um mal súbito que o levaria desta para a melhor. Tancredo e Sarney não chegaram a tomar posse.
Rezava a Carta Magna que, em não havendo ou estando impedidos presidente e vice-presidente o poder deveria ser assumido interinamente pelo Presidente da Câmara dos Deputados, na ocasião o Sr. Ulysses Guimarães. Este, por sua vez, teria um prazo estipulado para realizar novas eleições.  Mas a reza dos que continuavam detendo ilegitimamente o poder era mais forte.  E eles não morriam de amores pelo Dr. Ulysses.
Destarte, após um consenso político-militar, assumiu o poder o último homem merecedor dele, braço civil e servil que fora da ditadura militar ao longo de toda essa fase obscura de nossa História.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Libelo

Sonhos com fé e amor acalentados
Luta desigual, ímpia tortura
Clamor viril calado na clausura
Garras cruéis são mãos de maus soldados
Reprimindo deste povo seus anseios
Nosso imo calado, vil censura

Num povo varonil não vingam freios
Novamente eis a mão mais poderosa
Novamente zombou deles o Brasil
Eis agora buscando pressurosa
A cortesã do poder, falsa e servil
Outro amante a manter-lhe a vida airosa

Cinco foram de chumbo os maus soldados
Sucedeu-os carente de honra e brio
Seu lacaio, de um pretérito recente
Uma inteira geração anos a fio
Do censor cai na cilada, inocente
E sufraga um desastrado Presidente

De Vargas o censor não quis render-se
Mas seguiu-se a batalha até a vitória
Purgamos a nação de sua escória
E do império do velho setentrião
Já se lhe ouve o estalar do alicerce
Muito em breve seus castelos ruirão